DA MISOGINIA À METÁFORA DAS CAMADAS

Autores

  • Benedito Costa Neto Filho Universidade Federal do Paraná
  • João Victor Ponciano Pontifícia Universidade Católica

Palavras-chave:

Mulheres, metáfora das camadas, violência, vulnerabilidade, Florencia Luna

Resumo

O presente trabalho busca evidenciar um grave problema que pode ser mensurado nas sociedades atuais: refere-se ao mundo dominado por discursos masculinistas, eurocêntricos e pelo neoliberalismo do capitalismo tardio. Tais discursos culminam nas exclusões sobre a situação da mulher, que por vezes é rebaixada pelo “simples fato de ser mulher”, em condição de subalternidade em relação aos homens. A falta de publicações de/sobre/para mulheres (ou o modo como são disseminadas), no mercado editorial, por exemplo, revela-se apenas como um dos inúmeros índices que desenham uma triste realidade para a situação da mulher. As dominações masculinas nos espaços de poder posicionam as mulheres em situação de inferioridade. Esta lógica acaba dando base ao falso direito dado aos homens de tratá-la de modo objetificado. Por isso, situações graves como o feminicídio levam a uma determinada parcela da sociedade à indiferença, uma vez que o sistema como um todo (o direito, a medicina, a mídia, o ensino) naturaliza qualquer ato opressivo em relação à mulher. A morte de mulheres, o discurso de ódio, a desigualdade salarial, a falta de espaços nas instituições religiosas, no esporte, na academia e até mesmo o uso da língua do dia a dia (com frases como “isso não é coisa de mulher”) são justificadas por uma espécie de regime de verdade, ditada pelos homens. A fim de apontarmos uma possibilidade de investigação dessa realidade, de maneira mais incisiva, a respeito da situação das mulheres, como uma ferramenta da ética da pesquisa, e de modo a empreendermos ações de desconstrução de um regime opressor, buscaremos, a partir da pensadora argentina Florencia Luna (que produziu um texto que traz o conceito de “metáfora das camadas”, a respeito dos graus de vulnerabilidade em que se encontram diversos sujeitos sociais), trazer considerações sobre a situação da mulher (num painel provisório e muito aquém da realidade da mulher). Entendemos que a “metáfora das camadas” possa ser usada tanto por pesquisadores quanto por aqueles que lidam com ações práticas em relação à situação da mulher, seja a mulher negra periférica, a mulher branca da alta sociedade, a mulher trans, a quilombola, a mãe solteira, dentre outras, ou seja, qualquer mulher que, num certo momento da vida, esteja com uma ou mais camadas de vulnerabilidade.

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Publicado

2021-12-17

Como Citar

COSTA NETO FILHO, B.; PONCIANO, J. V. . DA MISOGINIA À METÁFORA DAS CAMADAS. Omnia Sapientiae, [S. l.], v. 1, n. 2, p. 70–81, 2021. Disponível em: https://revistas.catolicadorn.com.br/omnia/article/view/24. Acesso em: 21 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigo